Endometriose

Endometriose. Nossas condutas. Nossas formas de abordagem.

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A Endometriose é a patologia feminina mais estudada, diagnosticada e tratada em nosso centro nos últimos trinta anos. Tal situação tem sido motivada devido atuarmos na investigação e tratamento da Infertilidade Feminina e da Dor Pélvica.

Acredita-se que 6 milhões de mulheres brasileiras e de 150 a 200 milhões na população mundial sejam portadoras de Endometriose.

Com a experiência adquirida e através da Observação Clínica e da Pesquisa Clínica, que constantemente realizamos, nos permitimos considerar:

– Endometriose é a doença da mulher moderna.

A mudança dos hábitos de vida, a maior exposição a agentes ambientais, o uso dos tampões vaginais, a primeira gravidez após os 30 anos, a primeira menstruação (menarca) ocorrendo cada vez mais precoce e o início do uso de anticoncepcionais orais (pílula) precocemente são fatores que possivelmente contribuem para um aumento na incidência desta patologia na era moderna.

– A Endometriose é uma doença evolutiva.

Quando não tratada e controlada, a Endometriose evolui ao longo da vida da mulher. Tal condição ocorre até o início do Climatério.

– A Endometriose é a pior doença benigna feminina.

Embora, até o momento, não existam boas evidências mostrando possível risco de malignização da Endometriose (com exceção da Endometriose Cística de Ovário), a Endometriose, por ser evolutiva, faz a mulher ter Dor ou Infertilidade. Ambos os quadros, influem diretamente na Qualidade de Vida Feminina.

– A Endometriose é uma doença ainda sem cura. Porém, hoje, já conseguimos controlá-la.

Como ainda não foi estabelecida a etiologia (causa) da Endometriose, até então, a ciência não tem um tratamento curativo. A condução terapêutica da Endometriose ainda está baseada em diminuir a dor e oportunizar a Gestação. Aliás, a gravidez ainda é o melhor tratamento para o controle da Endometriose.

– Tratar a Endometriose bloqueando a menstruação, através do uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, somente mantém a paciente sem dor.

Não somos adeptos deste tipo de conduta. A terapia do bloqueio da menstruação está fundamentada em uma das teorias de causa da Endometriose, ou seja, a Menstruação Retrógrada, o que acontece na maioria das mulheres. Contudo, somente 15% das mulheres com Menstruação Retrógrada apresentam Endometriose. Por outro lado, existem boas evidências científicas de que esta conduta de bloqueio da menstruação aumenta a incidência de Endometriose Profunda, uma forma mais grave da Endometriose.

– O tratamento mais efetivo para o controle da Endometriose é o cirúrgico.

Todos os tratamentos objetivando curar a Endometriose através de medicamentos não apresentam uma resolutividade maior que 40%. Até quatro anos atrás, o tratamento cirúrgico através da Videolaparoscopia era feito através da cauterização dos focos de Endometriose visíveis na cavidade pélvica. Este era um tratamento paliativo, pois a destruição dos focos de Endometriose não era total, ou seja, era como destruir somente a ponta de um iceberg. Em muitos casos, a maior porção do nódulo endometriótico não era eliminada.

Em 2010, nosso serviço começou a realizar a ablação total dos nódulos através da cirurgia videolaparoscópica, ressecando toda a área peritoneal e, muitas vezes, invadindo o retroperitônio, em um procedimento que chamamos de peritoniectomia parcial e localizada. Embora o tempo de experiência e seguimento ainda seja curto, estamos observando que os resultados e a resolutividade estão bem mais animadoras: 64% das pacientes operadas demonstram melhora ou cura da dor. No que tange à taxa de fecundação pós-cirurgia, nos casos em que a Endometriose era a causa da infertilidade, os resultados também têm sido neste percentual. Nossos resultados estão de acordo com outros serviços europeus que adotaram este tipo de procedimento.

Dr. Carlos Isaia Filho

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