Que cuidados as gestantes devem ter em relação ao COVID-19

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A gestação traz inúmeras mudanças ao corpo da mulher, influencia em sua imunidade e nos medicamentos que ela pode tomar caso fique doente. Com o número de casos do novo corona vírus aumentando no Brasil, muitas dúvidas têm surgido a respeito dos riscos que as grávidas correm neste momento, se podem transmitir a doença ao bebê entre outras.

É importante sabermos que algumas das dicas de cuidados são baseadas em orientações que surgiram a partir de outras doenças respiratórias como CoV-SARS, CoV-MERS e o H1N1.

1- Mulheres grávidas correm maior risco de contrair o novo corona vírus?

Em tese, o risco de infecção é o mesmo para qualquer ser humano, pois a maneira de ser infectado não depende necessariamente da questão imunológica ou da resistência orgânica do indivíduo, mas da presença do vírus em secreções que ele possa ter contato. Então, a mulher grávida corre o mesmo risco de contrair a doença que todos os demais. Porém, como as grávidas passam por mais alterações no corpo, é possível que elas sejam mais suscetíveis a desenvolverem quadros clínicos mais graves do corona vírus, como nos casos das gestantes com H1N1, doença que, assim como o corona vírus, tem sintomas semelhantes aos de uma gripe comum. Quanto aos riscos, baseada no comportamento de outros corona vírus, acredita-se que as grávidas infectadas teriam uma probabilidade maior de ter um aborto espontâneo ou mesmo bebês prematuros.

2- Como grávidas podem se prevenir?

Para as mulheres que não correm o risco de contaminação, principalmente por não terem tido nenhum contato com pessoas diagnosticadas com corona vírus ou que têm a suspeita da doença, os cuidados necessários são básicos.

– A primeira medida é evitar qualquer contato com pessoas que apresentam algum tipo de infecção respiratória aguda. Entretanto, caso aconteça a proximidade, é importante que as mãos sejam lavadas por, pelo menos, 20 segundos. A medida de higiene também é indicada sempre que houver a saída para o meio público e antes de se alimentar. As mãos devem ser preferencialmente limpas com água e sabão e álcool em gel 70!

– É preciso estar atenta ao ato de limpar as mãos após tossir ou espirrar, usar lenço descartável para higiene nasal e não esquecer da etiqueta respiratória, usando a dobra do braço para cobrir as vias nasais ao tossir ou espirrar em vez das mãos. Importante também, para evitar contato com qualquer secreção, não compartilhar itens de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas.

– Já para as grávidas que forem colocadas como “caso suspeito”, elas deverão usar máscaras de proteção e quem atendê-las deverá estar equipado com máscara, luvas, óculos e avental”. Além disso, há também o alerta para que essas pacientes fiquem hospitalizadas até que os exames capazes de concluir o laudo sejam feitos.

– Se a gestante for realmente diagnosticada com o corona vírus, ela mostrará sintomas semelhantes aos de quem foi diagnosticado com pneumonia causada pelo H1N1 e outras bactérias atípicas. Por isso, o tratamento indicado será parecido com o dessas doenças, dependendo do grau de sintomas apresentado pela paciente e com atenção para os sinais diferentes que surgirem.

– A mulher com sintomas de corona vírus, que está no fim da gravidez e tenha dúvidas sobre o parto do bebê, deverá consultar seu obstetra, já que não há uma certeza absoluta sobre qual o melhor método de trazer o bebê ao mundo neste caso. Até o momento, as conclusões estão sendo elaboradas a partir do que se sabe sobre os vírus citados anteriormente.

– Mulheres em boas condições gerais, sem restrição respiratória, elevada taxa de oxigenação, podem se beneficiar do parto vaginal, bem como o feto. No entanto, com restrição respiratória, a interrupção da gravidez por cesárea, a despeito do risco anestésico, seria a melhor opção.

O mais importante em todos esses cenários citados é, que tudo isso, deve ser discutido com os médicos que têm acompanhado a gestante, pois as decisões sobre o parto de emergência e a interrupção da gravidez são desafiadoras e baseadas em muitos fatores que podem variar caso a caso.

3- Como o organismo da gestante reage diante do COVID-19?

A diferença da gestante está justamente na resposta do organismo ao vírus, pois as modificações imunológicas pelas quais a mulher passa durante a gravidez podem facilitar complicações no quadro de diversas doenças. Então, mesmo que ainda não existam dados sobre a reação das gestantes diante do novo corona vírus, já observamos essas complicações na epidemia do H1N1, em 2009, e a recomendação é, sem dúvida, a prevenção.

4- A grávida pode transmitir o vírus para o bebê?

Como é tudo muito recente, ainda não há estudos suficientes para comprovar se o vírus passa da gestante para o bebê. No entanto, os pesquisadores já começaram a analisar alguns casos. Publicada no jornal científico The Lancet, uma pesquisa feita com uma amostra de nove grávidas sugere que o novo corona vírus não passaria de mãe para filho durante a gestação. As mulheres eram de Wuhan, na China, onde a epidemia teve início, e tiveram pneumonia causada pelo COVID-19. Todas deram à luz por meio de cesariana. A é muito cedo para se chegar a uma conclusão, mas essa é a única evidência no caso das grávidas e, se observarmos o comportamento de outros corona vírus, realmente, a transmissão do vírus da mãe para o bebê não acontece. O que se sabe, no entanto, é que as grávidas infectadas apresentaram maior incidência de parto prematuro.

5- A gestante deve usar máscara?

É importante frisar que as máscaras devem ser utilizadas por pessoas doentes e seus acompanhantes, e não por quem está saudável. Afinal, não é uma situação confortável para todos, então devemos restringir a esse público.

6- Quando se deve ir ao hospital?

Ao constatar que estão doentes, as pessoas, geralmente, pensam em ir ao pronto-socorro. Isso se agrava quando falamos de grávidas, já que há o medo de prejudicar o bebê. No entanto, nem sempre ir a um hospital é o mais recomendado, já que, nesse ambiente, há grande circulação de vírus e outras doenças contagiosas. Como o corona vírus tem sintomas semelhantes aos da gripe, como tosse, febre e dor de garganta, é possível que as pessoas fiquem assustadas e corram logo para o hospital sem necessidade. Por isso, é preciso manter a calma e avaliar os sintomas. No caso das grávidas, o recomendado é sempre manter contato com o obstetra sobre sua condição de saúde e recorrer ao hospital em casos de falta de ar. Como não existe uma medicação específica para tratar a infecção pelo COVID-19, o que se pode fazer é tratar os sintomas, como por exemplo, se tiver dor, a gestante pode tomar um analgésico, caso não haja nenhuma contraindicação para sua saúde.

7- Gestantes com viagem marcada para países com transmissão ativa, como Itália e China, devem cancelar a viagem?

As gestantes são um grupo com o qual é preciso ter mais preocupação, pois, em teoria, podem ter um desfecho mais grave a vários tipos de infecção. Mesmo ficando no Brasil, também pode haver o risco de transmissão, mas é melhor evitar o turismo porque ele geralmente implica um maior deslocamento por áreas com grandes aglomerações. Então, o recomendado é que esse tipo de viagem seja cancelada ou adiada.

8- A mãe que contrai o corona vírus pode continuar amamentando?

Sim, ela deve continuar a amamentação, respeitando os cuidados de usar máscara, lavar bem as mãos e evitar o contato do bebê com secreções de tosse ou espirro. Isso porque, ainda não há evidência consistente de que o novo corona vírus seja transmitido pelo leite materno, mas é sabido que é por meio desse alimento que a criança adquire anticorpos importantes para defesa de seu organismo.

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